“O MITO DA CAVERNA”, JESUS E O ESPIRITISMO
Já imaginou algumas pessoas vivendo aprisionadas em uma caverna escura de onde se vê apenas seu interior? Ao fundo bate o reflexo da luz do dia, e é possível ver a sombra de tudo que passa do lado de fora: pessoas, objetos, animais, como também ouvir seus sons ecoando. Essas pessoas nunca saíram da caverna e acreditam que a sombra é o objeto real e que o eco é o som que ele produz.
E se um prisioneiro fosse libertado e se aproximasse da saída? Como seria? Não iria enxergar nada, suas vistas iriam arder à medida que a claridade aumentasse. A primeira reação seria talvez voltar para o escuro, para onde está acostumado.
Mas digamos que ele é forçado a sair da caverna. Suas vistas doeriam ainda mais com a claridade plena. Aos poucos começaria enxergar, mas ficaria confuso. Pouco a pouco saberia que o objeto real não eram aquelas sombras, mas sim as pessoas, os animais, os objetos que passam pelo lado de fora da caverna, e que seu verdadeiro som não era aquele eco que ouvia.
Surpreso com seu antigo engano, o que aconteceria se voltasse à caverna escura? Para onde quer que olhasse, sem a claridade apenas enxergaria sombras. E se contasse aos demais sobre a luz da realidade e a sombra das ilusões? Certamente não seria compreendido por aqueles que nunca viram as mesmas coisas; ouviria piadas e zombarias; seria até mesmo atacado pelos outros.
No livro chamado A República, Platão narra o diálogo em que Sócrates explica “O Mito da Caverna” para expor importantes questões semelhantes à nossa realidade.
Nós seres humanos, único ser da Terra que possui inteligência, somos limitados quando é um assunto que não sabemos ainda, e só crescemos quando adquirimos conhecimento, não só da ciência e cultura, mas também da vida espiritual, do bem e o mal.
Mas o conhecimento necessita esforço próprio, muitas vezes abrir mão da conveniência e comodidade de muitos dogmas; necessita suportar a dor da desilusão e assumir a responsabilidade dos próprios atos.
Quando não se está disposto a isso, é natural querer desistir, permanecer acomodado, semelhante ao prisioneiro que vacila na saída da caverna ao sentir os primeiros desconfortos da claridade.
Mas o homem está sujeito a uma lei da natureza da qual não pode escapar: a lei do progresso. É empurrado a seguir em frente pela força dos próprios acontecimentos da vida, passando por lições e chegando aos aprendizados.
Jesus veio mostrar essa luz do conhecimento, tanto quanto o Espiritismo veio esclarecer muitas coisas até então incompreendidas, trocando a sombra dos dogmas pela luz da fé raciocinada, mostrando o verdadeiro significado da lei de amor, a realidade do Espírito, os objetivos da reencarnação, a vida espiritual.
Antes mesmo de Jesus, profetas e filósofos prepararam a chegada dessas lições. Nem todos entenderam e muitos se sentiram ameaçados em seu poder e interesses.
Disso resultou que o próprio Jesus, como também Sócrates e outros tantos foram tidos como criminosos, sendo condenados, como aquele prisioneiro que tinha saído da caverna e depois voltou para compartilhar com os demais a luz da verdade que liberta.
“O Mito da Caverna” não termina nesse ponto. Hoje temos a certeza de que eles vivem acima de tudo a vida espiritual, estejam encarnados ou desencarnados, trabalhando ainda no socorro e instrução. E nós, conquistando pouco a pouco nossa libertação com a fé raciocinada, os nossos próprios esforços e a persistência no bem, caminhamos para a luz da verdade através das reencarnações.